O diretor da exportadora de café Valorização, Luiz Otávio Araripe, estimou a produção brasileira de café na safra 2010/11, em fase inicial de colheita, de até 50,243 milhões de sacas de 60 kg, para uma área plantada de 2,138 milhões de hectares e produtividade de 23,5 milhões de sacas por hectare. O mais recente levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta a safra entre 45,9 milhões e 48,6 milhões de sacas.
De acordo com Araripe, o desempenho considera uma média dos volumes e produtividades alcançados nas últimas safras 'cheias' do País, pois o café tem como característica alternar anos de grande produção, seguidos de baixa produção. O mercado estima a safra brasileira em 57,940 milhões de sacas, para uma produtividade de 27,1 sacas/hectare, conforme dados apresentados por Araripe durante sua palestra no Seminário Perspectiva para o Agribusiness em 2010 e 2011.
Segundo ele, "o mercado pode estar cometendo um enorme erro de julgamento", disse. Araripe acrescentou que o custo com mão-de-obra na atividade cafeeira alcança níveis insustentáveis em algumas regiões produtoras do País, especialmente onde esse item representa 40% ou mais do custo total de produção. De acordo com ele, isso é resultado do aumento real do salário mínimo nos últimos anos, para atuais US$ 288,11, "enquanto os preços do café arábica andaram de lado nos últimos cinco anos", comentou. Ele explicou que a relação de troca historicamente é de 1 salário para cerca de 1,2 sacas de café. "Com o aumento real do salário e o preço estabilizado do café, a relação passou a 0,5 salário para 1 saca de café".
Araripe afirmou, ainda, que o consumo mundial de café tem crescido a taxas superiores a 2%, devendo alcançar 2,3% em 2010/11, para 135 milhões de sacas. Em 2011/12, a perspectiva é de aumento de 2,2%, para 138 milhões de sacas. Considerando os 10 países mais populosos do mundo, o consumo per capita é de apenas 1,1 kg por habitante/ano. O Brasil, incluído na estatística, tem consumo per capita superior a 4 kg/habitante/ano. "O potencial de consumo de café é inimaginável", exagerou, ao mostrar a variação anual do consumo em alguns países produtores, como Honduras (17,7%), Ucrânia (18,1%) e Vietnã (11,9%).
O diretor comercial da exportadora Cooxupé, João Carlos Hopp Junior, projetou a safra brasileira entre 53 milhões e 55 milhões de sacas. Ele ressaltou que um dos problemas do mercado interno é o nível dos estoques de passagem, que estariam em cerca de 2 milhões de sacas, "próximos de zero". A consequência, segundo ele, é o enorme prêmio que se paga para o contrato futuro de café na BM&FBovespa, com vencimento em maio, em comparação com o contrato setembro, que está muito menos valorizado.
Hopp Junior avaliou que em 2010 o mundo deverá registrar um superávit de 4 milhões de sacas de café, no balanço entre oferta e demanda. No ano que vem, porém, deverá ocorrer um déficit de cerca de 8 milhões de sacas, principalmente porque a safra brasileira será menor do que a deste ano. "Em 2012 devemos verificar um retorno do equilíbrio entre oferta e demanda global, a menos que ocorra uma elevação extraordinária dos preços".
O diretor da exportadora explicou que o consumo mundial de café tem crescido a taxas significativas no mundo, em grande parte por causa do consumo entre os jovens, em particular em países do Oriente. "O café está na moda", disse. De acordo com ele, a Starbucks, uma das maiores redes de cafeterias do mundo, "promoveu uma mudança de mentalidade". "O aumento do consumo deve persistir em países como China, Coreia do Sul e Indonésia, onde o frio é rigoroso", salientou. Hopp Junior estimou que os preços físicos do café continuarão altos, em relação às cotações da Bolsa de Nova York. "Mas a bolsa vai buscar o físico", disse, prevendo uma elevação de 30 centavos de dólar por libra-peso para os contratos futuros, a valores acima de 1,65 centavos de dólar a libra-peso em Nova York.
Fonte: Agência Estado/Broadcast
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